Ar@quém News - segunda-feira, 28 de março de 2011

Saúde! Radiação é usada no tratamento de doenças

Embora possa causar malefícios, a energia nuclear também é a responsável pela cura de doenças como o câncer

Aos nove anos, Breno Ferreira sentia fortes dores de cabeça, possuía dificuldades para caminhar e, quando o fazia, era com dificuldade. Hoje, a mãe e agricultora Cleinara Lima Ferreira, 25 anos, recorda emocionada a fase que Breno conseguiu superar. Afinal, há dois meses, o filho precisou passar por uma cirurgia para retirar um tumor maligno na cabeça.

Ainda hoje, Breno se submete a sessões de radioterapia. "É a única alternativa que vejo para que meu filho possa voltar a brincar e ter vida normal de toda criança. Sei que tem riscos e que ele fica debilitado, mas é a esperança que temos". Também, não é para menos. Como comemora Cleinara, Breno não sente mais dores de cabeça, consegue andar normalmente e brinca com outras crianças.

Cuidados
O caso de Breno não é único. Atualmente, a radiação emitida pela energia nuclear, que pode matar em casos de acidentes, também é responsável pela cura de enfermidades como o câncer. Claro que, como alertam os especialistas, sua utilização deve ser rodeada de cuidados, sobretudo para aqueles que lidam com ela diariamente.

Conforme a física Marlúcia Freitas Santiago, doutora em Geociências e mestre em Engenharia e Tecnologia Nuclear, a radiação, dependendo da quantidade e do tempo de exposição, pode alterar a estrutura das células humanas e resultar no desenvolvimento de tumores cancerígenos, hemorragias, infecções e até mutação do DNA. Contudo, destaca, é também responsável por uma série de benefícios.

O radioterapeuta do Hospital do Câncer do Ceará (HCC) Carlos Heli Bezerra explica que a radiação da energia nuclear permite a aparelhos de radiologia - como raio-x e tomógrafos - diagnosticar doenças. Ao mesmo tempo, a radiação ionizante, utilizada pela radioterapia, é uma opção de tratamento com poucas sequelas. "A descoberta do raio-x aconteceu em 1895. Já no ano seguinte, a radiação foi usada de forma terapêutica, ainda que de maneira arcaica e rudimentar", esclarece. Hoje, os avanços tecnológicos têm possibilitado um tratamento mais preciso. Tanto que a radiação é usada para combater as células cancerígenas, sendo o alvo o DNA das células do tumor.


 Suporte Emocional
Apoio à família é fundamental

Complicações e efeitos colaterais durante o tratamento de doenças também causam dor aos familiares dos pacientes

Em meio à esperança de cura, também há as dificuldades durante o tratamento. Afinal, com a exposição à radiação para radioterapia, e ainda as aplicações da quimioterapia, os pacientes podem ficar debilitados, por conta dos efeitos colaterais. Com isso, a família como um todo sofre, ao ponto de alguns pais a pensarem em desistir.

Por isso mesmo, como alerta a Irmã Conceição, presidente do Lar Amigos de Jesus, o paciente e a família precisam de apoio, amor e aconchego nesse momento. Como cita, os parentes, os amigos e as instituições têm, papel fundamental. Até porque, a partir das sessões terapêuticas, os assistidos passam por mudanças que acabam atingindo todos à volta.

"A radio e a quimioterapia podem ser muito agressivas para o organismo. Os pacientes mudam o comportamento, a forma de se verem, devido aos danos no corpo. Porém, por outro lado, é a luz que eles possuem para a cura", observa Irmã Conceição. Por meio do Amigos de Jesus, 430 crianças e adolescentes em tratamento, entre 0 e 17 anos, são acolhidos na Capital.

Para ela, a assistência aos pacientes e aos acompanhantes é o que fará a diferença, pois, além do avanço tecnológico, as pessoas precisam, sobretudo, de fé. "A radiação combate o mal, mas só o amor combate os efeitos. Eles precisam acreditar que é apenas uma fase, que tudo vai passar. Sem esse suporte, não tem quem aguente a situação".

Tanto que, de acordo com a agricultora Cleinara Ferreira, 25, e o agente de trânsito José Euclísio Magalhães, 31, a assistência dada no Lar Amigos de Jesus faz toda a diferença para que continuem em frente. Para Euclísio, o transporte para levá-los ao local de tratamento e o apoio o mantêm firme para cuidar da pequena Maria Gabriela, de três anos, que sofre de leucemia. "Esse apoio é excelente, maravilhoso".

Sem o suporte da entidade, diz Cleinara, não seria possível tratar Breno, de dez anos, que já se operou de tumor na cabeça. "Conheço muitas famílias que desistiram do tratamento quando viram os filhos sofrendo. Mas eu não. Vou até o fim para que meu filho fique curado", compartilha a agricultora, que está longe de parentes de Itatira há pelo menos dois meses.


Fonte: Diário do Nordeste
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