Ar@quém News - terça-feira, 17 de maio de 2011

Opinião: No Brasil, prisão de diretor do FMI daria em demissões na polícia

Dominique Strauss-Kahn
Foto: Reuters 
Não é nenhuma novidade nestes tempos de corrupção e impunidade, mas aqui no Brasil porque nos Estados Unidos até um dos homens mais importantes do mundo, como o diretor do Fundo Monetário Internacional – FMI – Dominique Strauss-Kahn, de 62 anos, sai algemado publicamente acusado de tentativa de estupro de uma camareira num quarto de hotel em Nova York. Se fosse aqui no Brasil, terminaria com a demissão do chefe de polícia, do delegado e dos agentes pretensiosos por abuso de autoridade. E a camareira seria acusada de prostituta barata, por tentar manchar tão respeitável reputação.

Todo dia aqui no Brasil tem um escândalo envolvendo prefeito, governador, deputado, ministro, magistrado, notoriedades públicas de todos os matizes, que ignoram a justiça, a polícia, que existem apenas para pobres, negros e minorias discriminadas. Hoje mesmo, leio nos jornais e acompanho pelo rádio, pela televisão e pela internet que o atual ministro da Casa Civil da presidência da República, Antônio Palocci, tem mais uma na coleção de denúncias. Seu patrimônio sofreu o milagre da multiplicação dos pães: saltou de R$ 375 mil para R$ 7,5 milhões nos últimos quatro anos, vinte vezes mais, segundo denúncia do jornal Folha de S. Paulo.

A Folha detalha que em 2006, quando se elegeu deputado federal pelo PT, Palocci havia declarado à Justiça Eleitoral que tinha um patrimônio de R$ 375 mil. E os salários recebidos como deputado, entre 2007 e 2010, foram de R$ 974 mil, brutos. Em 2010, comprou um apartamento de R$ 6,6milhões e, um ano antes, um escritório de R$ 882 mil. A oposição, no Congresso Nacional, quer ouvir o ministro sobre essa estranha contabilidade, mas como isso acontece aqui no Brasil, não se alimenta a expectativa de que Palocci venha a ser incomodado, como não foi de outras vezes em que seu nome apareceu em escândalos. Ao contrário, foi promovido a um dos principais mentores do atual governo.

Depois, a população se queixa da crescente violência urbana, dos bandos armados que saem assaltando condomínios ricos e fazendo arrastões em metrôs. Eles são estimulados pelas elites corruptas que roubam o pão da boca do pobre, quem mais paga impostos para renumerar esses Paloccis que viram “novos ricos”, exibindo patrimônio e fortuna sem nenhuma explicação. Nos Estados Unidos, onde a lei e a justiça funcionam, eles estariam algemados e presos até explicar como produziram esses “milagres” da multiplicação dos bens, em contabilidade tão original.

Wanderley Pereira - Jornalista da TV Jangadeiro

Fonte: Blog da Janga
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