Dois homens, o servente Willian Cecílio da Silva, de 31 anos, e o pintor Edmilson de Souza Silveira, de 30 anos, foram presos nesta segunda-feira, na zona leste de São Paulo, com material que limpa a mancha rosa deixada em cédulas roubadas de caixas eletrônicos. As notas estavam imersas em uma substância, dentro de um filtro de água de porcelana. O Instituto de Criminalista deverá analisar a substância para revelar qual o princípio do composto químico.
A ação faz parte da Operação Caixa Preta, realizada pelo Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), que tem o objetivo de prender quatro quadrilhas envolvidas em roubos de caixas eletrônicos na capital e na Grande São Paulo. A operação começou há dois meses e meio e já prendeu 31 pessoas, sendo sete policiais militares em atividade e um ex-policial militar. A polícia suspeita que mais de cem pessoas pertençam a essas quadrilhas.
Nesta segunda, outros três homens foram presos. O auxiliar Lindoval de Jesus Silva, de 36 anos, era foragido desde agosto de 2009 e foi preso na zona norte da capital. No local, os investigadores apreenderam dois tijolos de maconha e um tijolo de cocaína. O ajudante Luiz Henrique Sathler de Freitas, de 30 anos, foi detido em casa, onde estavam guardadas duas pistolas – calibres .380 e 9mm - banhadas de dourado. A equipe também encontrou munições de fuzil .223, além de uma carteira falsa de perito policial. Moisés Moraes Júnior, o Dinho, de 28 anos, foi preso na zona sul da cidade.
Os policiais também realizaram buscas na favela da Vila São Remo, zona oeste, onde recuperaram três veículos roubados. Um dos carros, um Vectra blindado, tem características semelhantes a um utilizado durante uma explosão de caixa eletrônico na cidade de Cajamar, Grande São Paulo. Um dos policiais presos na semana passada é João Paulo Vitorino de Oliveira, coordenador de parte de uma das quadrilhas, responsável por orientar o que fazer e como atacar. Ele coordenou os roubos ao caixa eletrônico do clube Ipê e ao caixa eletrônico do Banco do Brasil, na avenida do Cursino, zona sul da capital. Um dos civis presos é André Luis Leite, conhecido como Andrezinho. Ele era o líder de uma das quadrilhas e o responsável por aliciar policiais militares a participar dos crimes.
Dispositivo de Segurança
Alguns caixas eletrônicos possuem um dispositivo de segurança antifurto que mancha as cédulas com uma tinta rosa quando são violados. O Deic acredita que esse dispositivo precisa ser revisto já que os bandidos descobriram uma maneira de limpar o dinheiro roubado. A TecBan, administradora da Rede Banco 24 Horas, informou em nota que ainda não teve acesso ao material apreendido pelo Deic e, portanto, "não é possível afirmar que [as cédulas] seja fruto de crime contra os terminais de autoatendimento de sua rede e que as notas tenham sido manchadas com a tinta de seu dispositivo." Além disso, a empresa ressalta que as tintas utilizadas por ela "foram amplamente testadas, não apresentando a possibilidade de lavagem."
Notas manchadas não valem mais
O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC) aprovaram, na semana passada, uma regulamentação estabelecendo que as cédulas danificadas por dispositivos antifurto não têm mais validade, não podendo mais ser utilizadas como forma de pagamento. A estimativa é de que 75 mil notas em circulação no País tenham a marca antifurto. Caso uma pessoa possua uma cédula suspeita de fruto de roubo, deve levá-la a uma agência bancária que vai encaminhá-la ao BC. Se ficar comprovado que o dinheiro foi manchado pó um dispositivo de caixa eletrônico, a nota fica retida e a pessoa não é ressarcida.
Fonte: Portal IG