Ar@quém News - quinta-feira, 26 de abril de 2012

Homem diz estar preso no lugar do irmão morto

Foto: Kiko Silva
Do Diário do Nordeste - "Só quero que tudo seja resolvido pra eu sair daqui". As palavras são de José Evaldo Amâncio de Paula, 36, que está detido, há nove dias, na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) e diz ser inocente nos crimes dos quais é acusado. Segundo ele, seu irmão José Valdery Amâncio de Paula, falecido há dez anos, usava seu RG para se identificar nas delegacias, quando era preso cometendo delitos.

Os irmãos são naturais de Pentecoste (103Km de Fortaleza). O primeiro crime supostamente cometido por Valdery, uma tentativa de homicídio, teria sido lá, no ano 2000. Nesta ocasião, ele teria ido até a casa de Evaldo e pedido uma bolsa para colocar alguns pertences para fugir. A cunhada entregou uma mochila, onde estava a carteira de Evaldo. Foi assim que Valdery teve acesso ao RG do irmão.

Algum tempo depois, Valdery tomou uma moto de assalto e tentou assassinar um policial, em Paracuru. Evaldo disse que viu na televisão que estava sendo acusado pelo crime, e se assustou. "Vi num programa que estavam me acusando de uma coisa que não fiz. Fui até à delegacia e registrei um B.O. dizendo que um bandido estava usando meu nome e meus documentos". A Polícia conseguiu capturar Valdery e recuperou o RG do irmão, que foi devolvido. Mas, no tempo em que esteve com o documento, o acusado teria feito uma carteirinha de doador de sangue no Hemoce, e passou a se identificar com ela.

Segundo Evaldo, seu irmão Valdery foi morto por compassas, depois de um assalto no bairro Antônio Bezerra, em 2003. "Quando foram dividir o que tinham roubado, aconteceu uma confusão e mataram ele".

Evaldo é analfabeto e disse que ficou todo esse tempo sem documentos, por que tinha medo de ir até algum órgão público e ser preso, no lugar do irmão.

Injustiça
O preso diz que não está conseguindo lidar com a injustiça. "Todo mundo sabe que meu caráter é muito diferente do meu irmão", desabafa. Segundo o delegado Decap, Tarcísio Coelho, o fato só poderá ser resolvido na Justiça. "Ele pode ser inocente, pode estar falando a verdade, mas esta é uma questão meramente judicial. Só a Justiça pode determinar o que acontecerá". Um defensor público foi, na manhã de ontem, até a Decap tentar esclarecer o caso e libertar o homem preso no lugar do irmão bandido morto há nove anos.
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