Todos os dias, de manhã ou à tardinha, D. Maria, de 71 anos, percorre cerca de 500 metros em busca de água para matar sua sede. Na sua casa, há pessoas mais aptas a buscar água, mas ela faz questão de pegar sua vasilha e buscar ela mesma. Há água encanada em sua casa, mas, para a mulher, não é melhor que a água de cacimba. D. Maria já interiorizou que se beber água que não seja de cacimba fica doente e, por isso, não quer ver outra diferente a sua frente, só se for para utilizar nos afazeres domésticos.
A exemplo de D. Maria, existem centenas de araquenhenses que são apaixonados pelo fruto da cacimba. Estes, todos os dias, vão até ao açude do centro de Araquém, sendo ele o principal local onde são feitas as cacimbas, à procura de água, que para eles é de excelente qualidade. Na busca por essa joia preciosa, uns utilizam bicicleta, outros um carrinho de mão e há aqueles que carregam a água na própria cabeça ou no braço. Aqui em nosso distrito já é tradição beber água de cacimba.
No inverno, tudo fica mais fácil, pois as cacimbas ficam mais perto das casas das pessoas (seja utilizando-as no açude aqui informado ou nas grotas) e também mais rasas, mas quando o verão chega as dificuldades começam a surgir, vejamos algumas: o açude começa a secar; o chão fica mais duro de ser perfurado; as cacimbas precisam ser mais profundas; não é todo local que se obtém uma água de boa qualidade. Devido a esses problemas, muitos procuram outros locais para fazerem cacimbas (como no Rio do Seu Chicó, por exemplo, que fica há alguns quilômetros fora de Araquém), outros continuam a insistir no mesmo local.
Contudo, existe algo interessante e importante que percebi ao conhecer a história dos bebedores de água de cacimba em Araquém, que é o respeito que cada morador tem um pelo outro. Ao pesquisar, nenhum relato foi me repassado de algum morador ter destruído uma cacimba, por mais que tenha seus motivos. Além disso, a cacimba que é construída por um pode ser usada por todos.
Por Hélio Costa
A exemplo de D. Maria, existem centenas de araquenhenses que são apaixonados pelo fruto da cacimba. Estes, todos os dias, vão até ao açude do centro de Araquém, sendo ele o principal local onde são feitas as cacimbas, à procura de água, que para eles é de excelente qualidade. Na busca por essa joia preciosa, uns utilizam bicicleta, outros um carrinho de mão e há aqueles que carregam a água na própria cabeça ou no braço. Aqui em nosso distrito já é tradição beber água de cacimba.
No inverno, tudo fica mais fácil, pois as cacimbas ficam mais perto das casas das pessoas (seja utilizando-as no açude aqui informado ou nas grotas) e também mais rasas, mas quando o verão chega as dificuldades começam a surgir, vejamos algumas: o açude começa a secar; o chão fica mais duro de ser perfurado; as cacimbas precisam ser mais profundas; não é todo local que se obtém uma água de boa qualidade. Devido a esses problemas, muitos procuram outros locais para fazerem cacimbas (como no Rio do Seu Chicó, por exemplo, que fica há alguns quilômetros fora de Araquém), outros continuam a insistir no mesmo local.
Contudo, existe algo interessante e importante que percebi ao conhecer a história dos bebedores de água de cacimba em Araquém, que é o respeito que cada morador tem um pelo outro. Ao pesquisar, nenhum relato foi me repassado de algum morador ter destruído uma cacimba, por mais que tenha seus motivos. Além disso, a cacimba que é construída por um pode ser usada por todos.
Por Hélio Costa