Prof. Zé Maria. Arquivo de Erasmo Tabosa |
A Educação de Araquém não seria a mesma sem os ideais desse personagem, sem suas ações, sem sua persistência, sua crença em uma revolução de nossas mentes para a construção de um mundo melhor, uma Sociedade menos injustiçada.
Nestes traços, quero manifestar meu pensamento em relação à esse indivíduo que muito contribuiu para a minha formação e despertou em mim a busca por novos horizontes e um olhar diferente sobre o mundo. Refiro-me ao ilustre Professor Zé Maria (o Zé Jacó), homem de ideais autênticos, com formação política e humana aguçada, que mesmo estando inserido em uma Sociedade dominada pelos valores materiais, acredita na construção de um mundo melhor, mais dinâmico, em que podemos ser os próprios protagonistas de nossa história. Infelizmente (e que infelizmente) hoje ele já não se encontra em sala de aula do Ensino Médio fazendo uma das coisas que mais gosta – que é ensinar. Que grande tragédia sua saída de sala de aula! Que grande perda para a nossa Escola, para os nossos alunos, para o nosso progresso, para a nossa Educação!
Fico me questionando: Por que tirar de sala uma pessoa tão importante para a nossa Educação? Uma pessoa tão preocupada com os problemas do mundo, com as injustiças? Sua saída foi escolha ou imposição? Bem, muitas vezes temos de nos conter com decisões alheias (mesmo fazendo parte de um sistema que se diz democrático) tendo com isso, várias consequências nada simpáticas.
Quem conhece o professor Zé Maria, entende o porque dele adorar trabalhar com pessoas, realmente é um indivíduo que tem um grande gosto pelo saber, pelo ensinar, pelo intelecto, pelas transformações sociais. Além disso, acredita nas mudanças, sendo estas em todos os setores da esfera humana. Um homem que acredita num processo de conscientização de nossos jovens, para com isso ocorrer mudanças no Social, em nossa maneira de ver o mundo e se relacionar como verdadeiros seres humanos que se preocupa com a preservação daquilo que reflete a construção humana. Todo esse pensamento é trabalhado em suas aulas e acaba sendo proliferado para aqueles que o admira, em quem o respeita.
Fico pensando quantos jovens se inspiraram neste professor, quantos jovens acreditaram em seus ideais e correram atrás de seus sonhos, tudo isso pelo simples fato de presenciar as aulas do Zé. Fico pensando quantos jovens foram influenciados pelos ideais dele, quantas mentes foram despertadas e direcionadas à uma busca pelo intelecto, pela leitura, pela compreensão do mundo, uma busca pela transformações sociais. Quantas pessoas se fortaleceram simplesmente por ser aluno dele, por compartilhar de suas conversas. Fico imaginando quantos sonhos hibernados foram despertados pelas ações dele, pelas suas aulas, pelas suas palavras, pelas suas “puxadas” de orelhas (e necessárias). Como seria gratificante para os alunos do Ensino Médio tê-lo como professor em sala. Como seria importante para o desenvolvimento e progresso da Educação de Araquém. Acredito nos Professores, mas infelizmente, muitas ideias deixarão de brotar, de florescer, de desenvolver com a ausência dele da sala de aula.
É um Homem sonhador? Sim, e todos nós que acreditamos no progresso somos sonhadores e acredito que devemos ser. Somos quixotescos sim, e devemos à ele isso não há dúvidas. Foi ele quem nos fez pensar diferente, nos disse “que as nuvens não eram de algodão” e que nós (inclusive você que agora ler essas palavras) poderíamos voar muito mais longe do que os “outros” imaginavam. Afinal de contas, ser um sonhador, um utópico demonstra nossa existência ou ao menos mostra um sinal de resistência. Pois é, ele nos ensinou (ou nos influenciou) a sermos resistentes diante dos fatos.
O professor Zé Maria é um homem que acredita que as raízes do Progresso se encontram na Educação, na leitura e tudo isso ele tenta passar às mentes jovens através de suas aulas e em outros momentos oportunos. Para um homem com todas essas características, há lugar melhor de se estar do que em sala de aula dando sua melhor contribuição? Antes de responder a esse questionamento, faz-se necessário refletir sobre o que desejamos para o progresso de nossa Sociedade. Se desejarmos progresso em nossa educação (a de Araquém principalmente) acredito que a saída dele de sala de aula seja um inibidor desse processo, não que desacredite nos demais professores, mas pelo fato de ter despertado muitas outras mentes. Muitos sonhos continuarão a brotar mesmo com sua ausência, mas sem dúvida, de forma menos intensa.
Sua contribuição para o desenvolvimento da educação de Araquém foi e é de importância astronômica – aqui peço a compreensão daqueles professores que vieram antes dele (aqui menciono apenas os professores, pois é grande a quantidade de estudantes que se destacaram por onde passaram. Existem muitos outros profissionais que foram seus alunos). Quantos professores do Ensino Médio de Araquém devem sua formação aos ideais desse ilustre Professor? Desse ilustre Educador? Paulo Souza, Raimundo, Francisco, Edilson, Joziane, Nelton, Jaíla, Galba, Fábio, José Souza, Chaguinha, Marcos Souza etc. Todos esses são jovens professores do Ensino Médio de nosso distrito e, todos foram alunos dele. Como devemos à esse homem! Nossa! Que riqueza de profissionais tem nosso distrito! Ou melhor, que sorte a nossa, ter tido um Professor como ele! Que perda tê-lo fora de sala de aula! Realmente, sua presença e ou ausência em sala de aula faz uma grande diferença. E como faz!
Me expresso como seu aluno, como aprendiz, como um indivíduo que aprendeu muito diante das conversas que presenciei. Acredito que neste momento, muitas pessoas estão lamentando – e com razão – a grande perda que a Educação de Araquém terá com a saída do Professor José Maria Gomes de Lima (o Zé Jacó) da sala de aula. Parafraseando Ivan Pavlov, “conheça, compare, colete os fatos” e assim será capaz de perceber a grande importância deste ilustre Professor para todos nós que acreditamos em um mundo melhor, que acreditamos que as mudanças são possíveis, que nossa maneira de ser e ver o mundo pode mudar e tudo isso se deve à Educação e às pessoas que convivemos.
E vocês que leram até aqui, peço que quando se tratar de educação (no sentido real) lembrem-se das palavras de Aldous Huxley: “pelo fato de terem sido contemplados com relativa dose de liberdade profissional (vejam bem, liberdade profissional, grifo meu) é que os professores, cientistas, técnicos russos chegaram à realizações tão notáveis”.
Seria essencial que esse ilustre Professor, continuasse DESPERTANDO RESPEITO E ADMIRAÇÃO nos jovens, mas dentro da sala de aula.
Por: Marcos Souza
Ex-Aluno do Prof. Zé Maria, hoje também professor