Ar@quém News - sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O futebol, alegria do povo ou consumo de luxo?

Há uma considerável dose de exagero na desconfiança de que o futebol deixará de ser um esporte do povo. Se “todo mundo” gosta de futebol, como isso será possível ? Numa crônica anterior, fiz uma abordagem do assunto e volto ao tema movido pelo lamento em torno do pequeno público na rodada de reabertura do Castelão. Mesmo com uma programação dupla envolvendo Fortaleza e Ceará, ouvi muita reclamação pelo preço do ingresso. É fácil compreender o protesto. Não se vai a futebol sozinho. Existem despesas obrigatórias, por exemplo, com transporte e alimentação. Some-se a isso a preocupação com a violência, mesmo com todo o aparato policial garantido. O gigantismo do acontecimento pode ter gerado outros receios numa população que já desconfia de tudo. Sem a superficialidade dessas considerações, vários aspectos devem estar sendo analisados a esta altura. Mas, vamos lá, notadamente, no que diz respeito à preocupação com essa estória do futebol se transformar em espetáculo de classes A e B. A atingir uma espécie de “estágio de nobreza”. Tudo que é produto ou serviço relacionado ao futebol anda muito caro: ingresso, lanche, camisa oficial de clube, publicações, pay per view e tantas coisas mais. Isso deixa a patuléia sem poder aquisitivo para consumir, excluindo-a da festa. Também quando os estádios diminuem de tamanho, o preço das entradas pode ser artifício a criar “compensações” para os clubes. Ordenados astronômicos de treinadores e jogadores já geraram o ovo da serpente de problemas que podem colocar o futebol num patamar cada vez mais distante do alcance do povão. Aí, sim, forçosamente teremos transformado a alegria do povo em mais uma indústria do consumo de luxo. Olho vivo!

Por: Wilton Bezerra
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