Corria meio mundo o boato,
Forjado no imaginário urbano:
No banheiro feminino rondava
Uma sinistra boneca de pano.
Algumas alunas não iam,
Com medo da assombração,
Ao banheiro sombrio da escola,
Mesmo no aperto da precisão.
Outras diziam ter avistado
O triste ente sobre-humano.
Os adultos diziam ser estória:
Mero invento besta ou engano.
O padre aspergiu água-benta,
Como apelo último da direção;
No banheiro fizeram reforma;
Deram retoque na iluminação.
Malgrado a tentativa inglória,
O medo perdurou ano-a-ano;
O tempo manteve na memória
O mistério da Boneca de Pano.
Eliton Meneses
Diário de um Navegante
