Ar@quém News - quarta-feira, 22 de maio de 2013

Alunos passam de ano sem saber ler nem escrever em Fortaleza

Ao todo, 13.747 crianças do 3º ao 5º ano do ensino fundamental da rede de ensino pública de Fortaleza não sabem ler nem escrever. O quantitativo representa 21% dos 64 mil alunos do 3º ao 5º ano da rede. A avaliação foi feita no início do ano letivo, pela Secretaria Municipal de Educação (SME), que chegou ao diagnóstico por meio de uma análise de leitura e escrita realizada pelas próprias escolas.

Diante de dados como esses, a pergunta que cada um se faz é: Como estas crianças passaram de um ano para o outro sem saber ler nem escrever? A coordenadora do ensino fundamental da SME, Dóris Leão, explica que esta é uma recomendação do Ministério da Educação (MEC) para que as escolas não reprovem os estudantes desses três primeiros anos, criando um ciclo de alfabetização.

A orientação do MEC faz parte de uma proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a estruturação dos nove anos da educação fundamental. No entanto, ela explica que a partir do 4º ano, esses alunos podem ser reprovados, mas não devem. "O MEC entende que a reprovação pode causar consequências negativas para a criança, porque quando reprovada a criança cria traumas e dentre as consequências temos o aumento a evasão escolar".

Entretanto, a gestora explica, ainda, que isso não é um estímulo à aprovação automática. "Não podemos aprovar este aluno sem o compromisso de resgatá-lo ao longo do ano seguinte, porém, o que aconteceu em Fortaleza é que estes professores não tinham tempo, nem capacitação para isso. Temos um déficit dentro das nossas universidades no que tange o preparo para alfabetizar", explicou a coordenadora Dóris Leão.

Sobre a questão e os reais motivos que levaram a essa defasagem, o presidente do Conselho Municipal de Educação de Fortaleza, Raimundo Nonato Nogueira Lima, acredita que o fato de os estudantes chegarem ao 5 º ano sem as competências de leitura e escrita plenamente atingidas deve-se à falta do acompanhamento pedagógico - como apoio e "cobrança" aos professores - somado à orientação legal de que não deve haver retenção (reprovação) do 1º para o 2º ano.

"Além disso, as diretrizes municipais que também orientam a não retenção do 2º para o 3º ano, acarretam a ´desobrigação´ com a aprendizagem coerente com a idade e o ano cursado, levando adiante a discrepância entre o que deveria ter sido apreendido e o que de fato foi. E a ´bola de neve´ vai crescendo ano após ano", conclui o presidente.

Fonte: Diário do Nordeste
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