Aqui mesmo neste blog falei da omissão do governo federal com a iminente epidemia de HPV que ronda os jovens deste País. Como se não bastasse a inoperância, o Planalto, por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, lançou nas redes sociais uma campanha pela visibilidade das chamadas profissionais do sexo. Qual o slogan que os gênios criaram? "Sou feliz sendo prostituta". Tá puxado.
Desse jeito, eleitores vão se estapear para votar em Felicianos e Bolsonaros. Os caras estão cutucando onça com vara curta. Se pretendiam melhorar a imagem das moças de vida difícil, escolheram o pior caminho.
Nada tenho contra a profissão mais falada desde o Mundo Antigo, embora não faça uso de seus serviços. Só imagino que, por esse Brasil adentro, fora do circuito noturno Leblon-Jardins, o ofício das raparigas seja exercido em condições precárias, desumanas e mal remuneradas, quando não sob a mais absoluta violência.
Não se trata, portanto, de preconceito. Muito pelo contrário. Associar felicidade com exploração sexual é uma das ideias mais reacionárias que eu já vi nos últimos anos. Esse pessoal bebe? Querem o quê? Perpetuar nosso País como destino planetário de tarados e pedófilos?
As meninas ainda impúberes dos sertões e transamazônicas que são prostituídas por cafetões desdentados sabem como são felizes? Ou o pessoal do “mistério da saúde” se esqueceu de consultá-las?
Tenham dó. Sou um crítico feroz do politicamente correto. Isso me autoriza minimamente a identificar uma propaganda politicamente infeliz. A campanha, dizem os sumos sacerdotes da ignorância, veicula uma mensagem que se opõe ao estigma da prostituição associada à infecção pelo HIV e Aids. Digamos que sim. E colocam o que no lugar? Que vender o corpo a preço vil é sinônimo de feminilidade, auto-suficiência e consciência cívica? Vão pastar pra ver o que é bom.
Dou minha colaboração à causa: senhor freguês do sexo pago, quando fizer uso da alma de uma mulher pobre e indefesa, por gentileza, ao menos, não se esqueça da camisinha. E, se possível, não bata antes de entrar.
Fonte: O Provocador
