Ar@quém News - domingo, 1 de setembro de 2013

Quem vai fazer algo contra a epidemia de vaidade?

A busca doentia pelo corpo perfeito não para de gerar mais vítimas. Já se tornaram banais os casos de mulheres vaidosas que morrem nas mãos de cirurgiões plásticos inescrupulosos. E tudo indica que isso nunca vai acabar.

A história da jovem que aplicou acrílico em pó para aumentar o glúteo é só mais uma atrocidade, entre centenas. E, felizmente, não resultou em morte. Mas é exemplar por envolver uma moça bonita, sarada e com um corpo invejável. E também pela intervenção ter sido feita por uma charlatã. É impressionante alguém saber estar colocando a vida em risco e não se dar ao trabalho de investigar os antecedentes do médico ao qual vai entregar seu corpo.

Mesmo que tudo tivesse corrido bem, cabe saber se ninguém perguntou: por quê? para quê? A jovem provavelmente teve uma mãe, um pai, um namorado, um amigo que disseram: “não faça isso, querida, você não precisa”. Desconfio que ela ouviu isso várias vezes. Assim espero, se não esse mundo lascou de vez.

Já passou a hora de a comunidade médica estabelecer critérios ainda mais rigorosos para cirurgias plásticas de motivação estética. É como o cinto de segurança nos carros: precisou o Estado intervir para que seu uso vingasse. Por conta própria, as mocinhas e senhoras não vão parar de ir ao estaleiro como quem vai à farmácia comprar analgésico. Que seja na marra.

Um médico não pode simplesmente ceder aos desejos narcísicos de quem entra em seu consultório. Caberia a ele impedir, por exemplo, que uma mãe autorize a filha de 14, 15 anos, a colocar silicone — fato cada vez mais comum. Honestamente, o certo seria chamar o Conselho Tutelar, ou polícia mesmo. É um crime, tamanha ignorância.

Óbvio que uma pessoa tem direitos sobre seu corpo. Da mesma forma, é evidente que a Justiça, imaginando situações em que alguém perdeu a capacidade de discernimento, criou a figura jurídica da interdição.

Só sei que, seja o médico ou a família, alguém precisa impedir que essa epidemia de vaidade continue. Quer entrar na faca sem precisar? Procure antes um psicólogo.

Fonte: O Provocador
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