Ar@quém News - sexta-feira, 21 de março de 2014

DILMA E CID NA ILHA DA FANTASIA


A visita da presidente Dilma Rousseff ao Ceará, nesta quarta-feira (19) – dia de São José! –, foi marcada pelo otimismo desenfreado e pelos anúncios maravilhosos de sempre.
O governador Cid Gomes disse que a construção de adutoras emergenciais de engate rápido feitas com aço importado (ufa!), mostra que o governo estadual agiu de forma preventiva contra a seca, embora a lógica mais elementar sugira que ações de prevenção servem justamente para evitar ações emergenciais. Tivessem ficado prontas antes, as tais adutoras não precisariam agora ser feitas às carreiras, não é? Mas vamos em frente.
Dilma não ficou por baixo, é claro, que chefe é chefe. Entregou algumas máquinas para prefeituras e prometeu verbas, igualzinho ao que já havia feito em abril do ano passado, sem que nada tenha mudado de lá para cá. E “inaugurou” mais um trecho do Eixão das Águas. Não, a obra não foi concluída. Para efeito de comparação, se fosse um prédio, teria sido a inauguração de um andar. Que importa isso? O que vale mesmo é a festa.
No fim, foi tudo supimpa! Os cearenses ficaram sabendo que a seca já não é mais um problema grave e urgente, pois graças aos programas dos governos federal e estadual, não há mais com o que se preocupar. Pelo menos isso é o que o eleitor mais desavisado pode ter entendido ao ouvir discursos tão bacanas. E com tantos seguranças protegendo nossas autoridades, ninguém lembrou que o Ceará se tornou um dos estados mais violentos do Brasil nessa quadra administrada pela parceria Dilma/Cid. Mas esse é outro assunto, deixa pra lá.
Nos momentos de maior ternura, por assim dizer, o presidente da Associação dos Prefeitos e Prefeituras do Ceará, Expedito Leite, empolgado com tantas maravilhas, disse que Cid é o maior gestor da história do Estado. Este retribuiu o elogio com um gracejo, afirmando que realmente é o governador mais alto em estatura física que já houve. E nesse clima de “missão cumprida” e afeto, Dilma disse – sem errar o nome – que o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, é a pessoa mais alegre que ela já conhecera.
Fantasy Island
Olha, tanta alegria assim me fez lembrar de um antigo seriado de televisão dos anos 80 chamado “Ilha da Fantasia” (Fantasy Island). Lá, o Sr. Roarke (Ricardo Montalban) e seu amigo Tattoo (Hervé Villachaize) recebiam convidados endinheirados num resort de luxo, onde a ilusão se confundia com a realidade. Mas, mesmo na ficção, no final de cada episódio a realidade sempre prevalecia sobre a ilusão. A moral da história era simples. Todo truque, por mais que dure, um dia acaba.
O Ceará desta quarta-feira mais pareceu uma ilha repleta de soluções do que um Estado em dificuldades, com quase todos os seus municípios em estado de emergência. Ocorre que apesar dos discursos fantasiosos que marcaram a visita presidencial, longe dos palanques e das comitivas, a realidade prevalece implacável: nada pode mudar o fato de que a seca castiga como nunca o Ceará e que Dilma não cumpriu a promessa de concluir a transposição do Rio São Francisco. Pelo contrário! Atrasou a obra como ninguém. O resto é papo furado! E ninguém pode se dizer mais surpreso com a lentidão desse padrão gerencial, pois nem sequer uma reforma no aeroporto de Fortaleza para a Copa do Mundo o governo federal conseguiu fazer.
Nada muda a verdade de que a segurança hídrica do Ceará, ou seja, sua capacidade de armazenamento d’água, da qual se vangloriaram a presidente e o governador, atende mesmo pelo nome de Açude Castanhão, obra feita por gestões passadas.
No mundo real, a turma da Dilma mais uma vez veio ao Ceará dourar a pílula, buscando fazer de atos pequenos, como a entrega de equipamentos agrícolas e cisternas apelidados de kit seca, coisa grandiosa digna de uma estadista. No mundo real, a visita de Dilma mais pareceu campanha eleitoral.
Vergonha agora não é mais acreditar nessa conversa fiada. Vergonha é ainda ter quem se dê ao ridículo de aplaudir a fantasia. 
PS. Dilma chamou Cid Gomes, por duas vezes, de senador. Ato falho calculadíssimo. E como para bom entendedor meia palavra basta, Dilma jogou a toalha e disse que não tem como segurar a candidatura de Eunício. Para Cid manter a base aliada unida, a saída é compor a chapa do peemedebista se candidatando ao Senado. A ideia, todos sabem, é do Lula. Ele topa? Pelo jeito, ainda não. É que ele mandou lá o seu recado, ao dar parte do crédito do Eixão das Águas ao ex-governador Tasso Jereissati, duro opositor de Dilma.


Wanderley Filho, do Blog do Wanfil
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