O cenário é pitoresco. A um ano e meio das eleições municipais, ainda não há sequer um candidato ao Paço Municipal minimamente definido, a despeito dos muitos que se articulam de olho na cadeira de chefe do Executivo. Mesmo assim, o clima eleitoral já toma conta da política local. O ambiente é de confronto aberta entre oposição e aliados à prefeita Luizianne Lins (PT), que não pode ser mais candidata. Na última semana, intensificou-se a guerrilha psicológica que começou pela Internet, chegou aos meios de comunicação – em particular pela renovada publicidade governamental – e, na sexta-feira, ganhou as ruas com antecipação inédita na recente história política de Fortaleza.
A perspectiva é de reprise, no âmbito municipal, da situação que deu o tom da sucessão presidencial do ano passado. Naquela ocasião, o então presidente Lula (PT) traçou a estratégia de transformar a escolha de seu sucessor numa espécie de plebiscito sobre sua própria administração. Com isso, elegeu a então estreante em campanhas Dilma Rousseff (PT).
A diferença é que Lula tinha popularidade recorde, enquanto Luizianne amarga desgaste em níveis crescentes. Por esse motivo, enquanto, na esfera federal, a estratégia plebiscitária nasceu nas articulações palacianas, em Fortaleza, a opção por uma disputa eleitoral pautada na administração que se encerra é iniciativa da oposição. E a administração municipal aceitou o desafio. Consciente do momento difícil que atravessam, as forças governistas elaboraram um plano de ação para reverter a rejeição da Prefeitura.
A oposição marcou seu ato principal para a última sexta-feira, 1º, o “Dia da Mentira”, em frente à Prefeitura. O público de cerca de 200 pessoas decepcionou diante das mais de seis mil pessoas que confirmaram presença pela rede social Facebook. A prefeita, que, longe do gabinete, visitava obras simultaneamente, comemorava a pouca adesão.
Ainda assim, a base aliada não assistiu parada à ofensiva oposicionista. Já na segunda-feira passada, o petismo de Fortaleza amanheceu em reunião no Paço Municipal. Parlamentares foram ao encontro de Luizianne, presidente estadual do partido. À noite, no mesmo dia, as direções estadual e municipal do PT se reuniram. O objetivo era o mesmo: preparar a defesa e o contra-ataque.
Os caciques do partido concordaram em destinar os mais generosos espaços na propaganda partidária no rádio e na televisão à propaganda e defesa da administração municipal. Trata-se, afinal de contas, não apenas da joia do PT no Ceará. É, na verdade, da maior cidade do País governada pelo partido da presidente da República. Na sexta-feira, porém, o Ministério Público Eleitoral entrou com ação pedindo que o tempo de rádio e televisão seja destinado exclusivamente a divulgar as ideias do partido, finalidade definida em lei, sob pena de multa.
Para além da disputa envolvendo as mídias convencionais, ao longo da semana, foram publicados no site Youtube uma série de vídeos gravados no Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca) da Barra do Ceará. Neles, jovens faziam elogios ao equipamento, principal obra já inaugurada pela administração municipal. Na quinta e na sexta-feira, a prefeita visitou uma série de obras e anunciou para o próximo dia 11 a inauguração do Jardim Japonês.
Os nomes
Foi só o início da estratégia que começou a ser posta em prática na tentativa de reverter a imagem da administração. Por enquanto, o nome dos candidatos fica em segundo plano. A eleição de 2012 começa a ser definida no embate sobre a avaliação dos dois mandatos de Luizianne. E por aí passará, em particular, a definição dos nomes na disputa.
Com um novo componente que foi inserido pelo governador Cid Gomes (PSB), em declaração publicada pelo O POVO na última quinta-feira. Ele sinalizou que poderá ficar neutro na nada improvável hipótese de a sua base aliada rachar. O que significa que, na sua meta de fazer o sucessor, Luizianne precisa se preocupar não só com os que estão se manifestando nas ruas, mas também com grupos que ocupam hoje postos estratégicos de sua administração.
Como?
Entenda a Notícia
Estamos a mais de um ano das próximas eleições municipais. Contudo, forças da oposição já começam a se articular na tentativa de desgastar a imagem da atual prefeita e eleger seu sucessor. O PT teve reação imediata.
Fonte: O Povo Online
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