Ar@quém News - sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MMA incita a violência?

Do O Povo Online - "O interesse pelo MMA, um tipo de arte marcial, e a audiência das lutas só crescem no Brasil. Você acredita que o MMA incita a violência?

SIM - A preocupação com o sucesso atual do tipo de luta Mixed Martial Arts, ou Artes Marciais mistas, é legítima. Atrás da pergunta “O MMA incita a violência?” há uma outra igualmente importante relativa à natureza mesma do MMA. Antes de incitar a violência, o MMA é em si mesmo violência que participantes praticam uns contra os outros. E que muitas pessoas têm prazer ou curiosidade em ver. Ao mesmo tempo ninguém dirá que não seja esporte, afinal a luta está legal e culturalmente institucionalizada como tal.

Trata-se, é claro, de um esporte violento, mas também de violência que se eleva a esporte. Temos aí a importante discussão sobre a definição de esporte e de violência. A história dos esportes relaciona-se à história da força e do poder. E, em certo sentido, da violência. Mas o que é a violência? Não é “abuso” de força e de poder, antes é a sua destruição. A função simbólica dos esportes sempre é a de elaborar tais potências humanas que são facilmente diabolizadas. O esporte ensina a conviver com a força e o poder em relação às outras pessoas.

Nos esportes de equipe a violência é sempre uma possibilidade a ser evitada e punida como acontece no futebol ou no boxe que é um esporte baseado na domesticação da força bruta. Nele a violência é parte do combate, mas está dada como limite, não como satisfação imediata do prazer com a violência como vemos no MMA. 

Na “sociedade do espetáculo”, assim como podemos incitar à moda por meio de desfiles, à leitura com a difusão de programas sobre livros, podemos incitar à violência por meio da sua disseminação e do elogio às suas formas. O MMA faz parte do pacote da indústria cultural da violência vendido todos os dias pelos meios de comunicação de massa. Para fazer uso dele basta entregar-se sem pensar, o que é desejável para os donos desta indústria que lucram muito com os desejos primitivos de quem não pensa no porquê de estar vendo esta luta na televisão ou em estádios lotados.  

Marcia Tiburi
Escritora e filósofa


NÃO - Quando ministradas por bons professores, as artes marciais, sem dúvida, trazem grandes benefícios ao desenvolvimento físico e mental dos seus praticantes. A filosofia da arte marcial, com seus princípios e suas regras, caminha na contramão da violência das ruas, onde a covardia e a falta de respeito e de limites imperam.

O MMA possui regras bem definidas, nada tem a ver com o antigo vale tudo onde praticamente não existiam proibições e as lutas não eram regulamentas por uma comissão atlética. No MMA existe antidoping, categorias de peso... Os atletas, antes das lutas, precisam passar por uma série de exames neurológicos e físicos provando assim que estão aptos a lutar. Precisamos entender também que eles estão preparados para o combate, são profissionais treinados e diferem muito de um indivíduo comum.

O MMA também pode ser praticado sem o intuito de competição, sendo uma excelente atividade física e defesa pessoal, com grande perda calórica e que trabalha o corpo por inteiro. Quando passamos de apenas telespectadores para praticantes, conseguimos entender a total diferença de lutar e brigar. Percebe-se que a técnica é o mais importante em uma luta, e que todos os movimentos precisam ser muito bem treinados para serem executados.

Acredita-se que grande parte da violência, principalmente a realizada por jovens, são atos de indivíduos sem confiança e que sentem a necessidade de se autoafirmar, muitas vezes por meio da violência. O MMA possibilita que esse jovem melhore sua autoestima, deixando-o mais confiante, mas também ensinando limites. Com o treino diário ele perceberá naturalmente que a violência e a valentia não o levam a lugar algum. Ficará mais calmo e responsável pelos seus atos.

Por tudo isso, percebemos que o MMA é o esporte que mais cresce no mundo. Todos podem praticar, homens e mulheres, sempre respeitando regras e limites, com educação e respeito. MMA nada tem a ver com violência. 

Diego Sales
Professor de Muay Thai e MMA"

 
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