Família de Antônio Carlos está cada vez mais unida: “Agora só trabalho perto de casa, pra não ficar muito tempo longe deles”. Em 2010, uma média de 12 crianças e adolescentes desapareceram por mês, considerando os meses de janeiro a novembro. Hoje, O POVO conta histórias de famílias já tiveram os filhos desaparecidos e que foram encontrados.
Era uma vez, uma família simples, trabalhadora, cheia de fé na humanidade. Maria Regiane Oliveira, 30, é uma mãe, que no dia do primeiro turno das eleições para presidente, abriu a porta de casa, em Horizonte, para uma mulher, que dizia estar grávida de sete meses e se sentindo mal. A partir da ajuda de Regiane, das conversas sobre maternidade, surgia uma amizade. Quatro visitas depois, a mesma mulher se aproveita da confiança conquistada e se oferece para cuidar da filha mais nova de Regiane, a pequena Regilane, de apenas 3 meses. Era manhã de 6 de outubro e na primeira oportunidade, a mulher rouba a bebê.
A dor de só ver o filho na lembrança e num retrato, sem saber se ele está bem, é sentida por um número maior de famílias a cada ano. Em 2010, uma média de 12 crianças e adolescentes desapareceram por mês, considerando os meses de janeiro a novembro, segundo dados do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Foram 130 registros de desaparecimento no Ceará. Destes, 58 foram localizados com vida. No ano passado, foram 140 registros e, destes, 85 foram localizados vivos. Hoje, O POVO conta histórias de reencontros.
No caso de Regiane, foram sete dias de “agonia, aflição e tormento”, segundo conta. À noite, a mãe olhava o berço de Regilane vazio e se desesperava. O pai, o pedreiro, Antônio Carlos de Sousa, 43, conversava com Deus e fazia promessas. “Se não encontrasse ela, eu era capaz de morrer”, sofria Jeane, a irmã de 7 anos. “Eu chorava, sentia pena, ficava com saudade”, lembra o irmão mais velho, Dijean, 9.
Depois da ampla repercussão do caso na imprensa, de um trabalho conjunto do Conselho Tutelar e Ministério Público de Aquiraz, juntamente com a Polícia de Horizonte, desistiram de ficar com a menina. Na noite do dia 13 de outubro, a criança foi deixada sobre um monte de areia, num terreno em obras no bairro Genibaú, em Fortaleza, de fralda descartável, meias e vestido vermelho. O Ronda do Quarteirão atendeu ao chamado de moradores e encontrou a bebê suja, inquieta e com picadas de muriçoca.
Regilane estava de volta. “Todos os dias eu lembro do momento que reencontrei com ela”, ri a mãe, agradecida por ver a filha em casa, sã e salva. “A gente (família toda) já era muito apegado, ficou mais ainda. Agora só trabalho perto de casa, pra não ficar muito tempo longe deles”, diz o pai.
Fonte: O Povo Online