Ar@quém News - sábado, 9 de novembro de 2013

Uma breve análise do 1º ano de governo de Érika Cristino

Passou-se, e o tempo não volta mais, quase um ano de alternância de poder em Coreaú, segundo semestre apático, algum debate, conferências, PPA Participativo (que considero avanço, se respeitado de fato), e o silêncio estratégico e litigioso nos meses mais recentes.

Denota-se uma esperada blindagem às eventuais críticas. Quem aponta alguma falha já de logo é enquadrado como opositor (embora neguem, é o que se lê nas entrelinhas), e é justamente aí onde deveria ocorrer a primeira mudança: a abertura efetiva, não só aparente, ao diálogo – que é ouvir as divergências, sobretudo, e não apenas acenar sorrindo, quando muito. Há quem (em oportunismo) comemore o marasmo, outros criticam porque querem mais, uma pitada que seja de mudança.

O discurso da paciência se vence lá pelos três primeiros meses. O povo que sofre reclama, e em Coreaú reclama bem pouco, pouco demais - como reza sua triste tradição de rês amarrada. Em terra de escassez, fazer o mínimo é aclamado como muito. Cidade limpa (algo bom e visível), no centro, mas não há lixeiras; seguimos o exemplo de Sobral – que alaga constantemente, não precisa ser expert para saber o porquê – onde mesmo o bem educado não tem onde jogar o lixo; amanhece limpa, e anoitece limpa, mas ao meio-dia não é bem assim. Vai-se contra afirmação famosa e sábia de que “lugar limpo não é o que mais se limpa, mas o que menos se suja”. A destinação do lixo ainda é o velho lixão, feio, poluente e insalubre.

Na saúde não precisa se alongar muito em comentários; os usuários pobres, e vejo-os falar, eu mesmo sou usuário, sabem o que precisam e o que não têm. Têm a presença de médicos nos postos (nos distritos), o que é o mínimo, e o anúncio da chegada de mais dois médicos através do Mais Médicos. Mas, há também dificuldades no acesso a medicamentos de alto custo, atenção odontológica especializada ainda em funcionamento parcial, hospital com estrutura tão ou mais precária do que quando o encontraram.

Na educação, o lado positivo é que há uma preocupação maior agora com o rendimento dos educandos e uma organização mais sistemática; o lado negativo é a postura impositiva em certos aspectos e que se aumentou a cobrança aos professores, mas não se deu o devido estímulo para que se esforçassem, sobretudo nos anos não avaliados.

A assistência social, que acompanho ainda mais de perto, tem dado continuidade à execução de serviços básicos, trouxe a novidade de alguns novos projetos com apoio estadual e federal (Pronatec e Primeiro Passo, por exemplo), e aponta a boa notícia do nascimento da atenção especializada em Coreaú com o CREAS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social, grande avanço. Uma ousadia a mais é demandada, entretanto, como, por exemplo, ações de teor cultural conjuntamente com a Secretaria de Cultura, na abordagem aos muitos jovens em vulnerabilidade de nossa terra, o que garantiria um destaque mais nítido em relação a municípios vizinhos – eu, de minha parte, nesse aspecto, enviei uma proposta de organização de cursos de grafite, a qual, segundo fui informado, não conseguiu respaldo financeiro.

A Secretaria de Cultura continua desestruturada, sem um lugar de referência, reduz-se a um faz-tudo que se converte em um faz-nada. Iniciativas culturais não são chamadas para serem apoiadas, muito menos há perspectivas de se implantar uma iniciativa do Poder Público mais contundente e continuada por parte dele, ainda dá tempo.

Na Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (que está nas mesmas mãos faz anos), a parte de “meio ambiente” é mero acessório, não se vê nenhuma ação realmente preocupada com a preservação de nossas riquezas naturais, e o estímulo à agricultura familiar ainda se restringe ao básico, apoiando ações de âmbito estadual e federal; nada que se destaque como mudança, nem como exemplar para a região.

Na Infraestrutura, temos a boa notícia de que há transporte universitário gratuito, com alguns problemas localizados, mas existe. Resta ajeitar as estradas vicinais, inaugurar um sem-número de obras iniciadas na gestão anterior, com recursos federais (frise-se) e estaduais, e dar início às tão anunciadas obras, e são muitas as prometidas... talvez no próximo ano já com o primeiro orçamento propriamente desta gestão.

Na Secretaria de Esporte e Juventude, nota-se alguns eventos que denotam que ela existe, como a I Corrida de Rua, o Dia D e a organização do Segundo Tempo, entretanto, precisa-se urgentemente rever a estrutura de alguns espaços esportivos como as quadras sem alambrado e a inauguração custosa da Praça da Juventude.

Tentei fazer um quadro geral, como viram, à guisa do que me lembrei, que embasa a minha avaliação crítica de que esse primeiro ano de gestão, até agora, se comparado às expectativas de otimistas, foi ruim, se comparado a como se encontrava Coreaú e levando em conta as dificuldades orçamentárias, foi regular. Contudo, e friso frustrado, no rojão que anda a Prefeitura não se configura a então sonhada mudança, muito menos “revolução” – a despeito do que alguns, acriticamente, defendem. O rojão tem que acelerar muito nesses anos que faltam, se quiserem ser honestos ao assim se afirmarem (como de mudança). Eu aguardo, sobretudo, que as portas se abram, a um diálogo sincero e humilde para a construção de um Coreaú realmente melhor, só porque minha esperança é insistente.
Por Benedito Gomes Rodrigues 

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