Ar@quém News - quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Desconstruindo ideias

Imagem: reprodução da internet
Numa dessas madrugadas de insônia, lá pela década de noventa, acho, assistia a um filme na Sessão Coruja e um velho, que se dizia sábio, mandou essa: “Nós aprendemos tudo que precisamos para viver até os 15 anos, depois disso vamos colocando as coisas em prática”.

Discordei, claro. Mas, é sabido, que todos, absolutamente todos os adolescentes, rezam por essa cartilha. Acham que sabem tudo e podem tudo. Tentando interpretar o recado do filme, acredito que o “vamos colocando as coisas em prática” pode implicar em desconstruir algumas das “certezas absolutas” que a adolescência impõe. 

Desconstruí várias ao longo da vida. Não me tornei um astro do rock, não fiquei famoso e rico antes dos trinta, me formei em Geografia e não em Jornalismo, e por ai vai (ainda está indo). As coisas vão acontecendo e você nem percebe que a desconstrução está se processando. Alguns lutam contra isso e confundem a troca de foco com não realização de sonhos. 

A interatividade atingiu proporções gigantescas com a dinamização da conectividade. Alguns, inclusive, defendem que devemos reduzir a marcha, o fluxo de ideias e de informação é tão intenso que não processamos direito o conteúdo. A informação, nesse caso, não gera poder porque não se transforma em conhecimento. Nesse universo onde uma teoria pode mudar com um clique, a desconstrução a que me referi no segundo parágrafo tornou-se algo corriqueiro e perigoso.

O grande problema dessa nova ordem da comunicação é a falta de estrutura dos internautas para lidar com tudo isso. Uma situação comum: alguém que zapeava pela rede encontra um texto em um site sobre o qual não se tem muitas referências e as informações desse texto passam a fazer parte da horda – o termo é esse mesmo – de teorias que “fundamentam” as ações desse incauto navegador cibernético. Vários são os naufrágios.

Parafraseando o “sábio” do filme, eu diria que “até os 15 anos nós aprendemos a duvidar de tudo que precisamos para viver”. Duvidamos dos professores, duvidamos dos nossos pais, duvidamos de Deus, duvidamos do padre, do pastor, de tudo que representa o poder instituído, Duvidamos e por isso aprendemos. Desconstruindo ideias chegamos às nossas certezas que, por uma questão de prudência, nunca devem ostentar o status de absolutas.

Fonte: Jornália do Ed
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