Ar@quém News - domingo, 12 de janeiro de 2014

Segundo pesquisa, o cearense está ficando cada vez mais alto


Pode parecer algo individual e até sem relevância para muitos. A altura do ser humano, porém, é mais que uma soma de centímetros que interessa apenas para quem a detém. Quando uma fita métrica alcança o espaço entre os pés e a cabeça, indica quais serviços públicos estão ou não disponíveis, quantos nutrientes estão no fogão das famílias, qual saúde está acessível à mãe na gestação. A altura é indicador de desenvolvimento social. E, no Ceará e no Brasil, a notícia é boa: estamos crescendo.

A altura do cearense adulto fica maior um centímetro a cada década, aproximadamente. O Estado segue tendência nacional – apesar de ter índices inferiores aos de Brasil e Nordeste. Números do IBGE indicam que um cearense nascido em 1955 alcança, em média, 160,2 centímetros, enquanto um nascido em 1990 chega a 163,8 quando a estatura se estabiliza – aos 19 anos. Os números foram levantados pelo doutor em Economia e analista do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Victor Hugo de Oliveira Silva, a pedido do O POVO.

Victor estudou no doutorado o viés econômico da altura. Concluiu que ela pode ser explicada a partir da qualidade dos alimentos e serviços a que se tem acesso e pela incidência de doenças na infância. Aspectos externos somam-se à genética – cuja influência ainda não foi definida pela ciência, explica o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biomedicina da UFC, Aldo Ângelo Moreira Lima. Ele pesquisa comunidades cearenses para indicar os genes associados ao déficit de estatura em crianças. Segundo ele, é a primeira pesquisa do tipo em países em desenvolvimento. “Só a partir do estudo teremos algo definidor que relacione genética e crescimento”. Os primeiros resultados devem sair em seis meses.

O avanço em assistência à criança, imunizações, escolaridade e a melhoria da população em geral contribuem para o aumento da estatura, explica o professor Pedro Israel Cabral de Lima, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que estuda desnutrição e desenvolvimento em crianças. Ele espera que, em 10 a 15 anos, a estatura do brasileiro alcance a média do padrão de referência da Organização Mundial de Saúde - o mais recente estudo, de 2006, indica ser ideal um homem brasileiro atingir 176,5cm aos 19 anos e a mulher, 163,2cm.

Com pais mais informados, os filhos ganham em cuidado. “Antigamente, a criança não crescia e ‘ia ficando’. Podia ter deficiência hormonal, mas ia ficando. Hoje, se tenta acompanhar mais, fazer consulta com o pediatra”, diz a endocrinologista infantil Carina Barroso, do Hospital Infantil Albert Sabin.

[...] O acesso a políticas públicas é fundamental para explicar o crescimento do brasileiro. Programas de transferência de renda, como Bolsa Família, são importantes quando se fala em estatura porque, entre outros pontos, garantem dinheiro para que pais e mães comprem melhores alimentos para as crianças. Porém, defende o professor Pedro Israel Cabral de Lima, da UFPE, é preciso “dar um passo adiante”, com mais educação e saúde.

Fonte: O POVO online
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